terça-feira, 15 de abril de 2008

O Peixe que não morreu na praia

De Maradona para cá foi o melhor. Não vi nenhum atacante com mais qualidade na grande área que o Baixinho.

De estilo polêmico, o atacante não foge da briga. Complicado de se marcar dentro e fora dos campos, ontem em lançamento "Júri do Baixinho - DVD Romário É Gol", DVD comemorativo que relembra os seus 1000 gols como atleta profissional de futebol, Romário declarava a imprensa que sua passagem como jogador de futebol havia terminado.

Nascido no ano de 1964, O Peixe cresceu em Vila da Penha, subúrbio carioca.

Com seu jeito moleque e marrento, logo colecionou admiradores e desafetos. Mas era dentro das quatro linhas que o Baixinho se transformava num monstro com seus 1,68 m e desestabilizava qualquer zaga.

Um ano depois de sua estréia profissional pelo Vasco em 1985, como companheiro de outro grande jogador do futebol brasileiro, Roberto Dinamite, o Baixinho conseguiu a artilharia do Campeonato Carioca.

O feito se repetiria no ano seguinte.

Em 1989, se transfere para o futebol internacional, mas precisamente para o time holandês, PSV Einddhoven. Para não passar desapercebido foi durante os três anos seguintes artilheiro e com destaque no cenário internacional, conseguiu transferência para Espanha, onde disputaria o Campeonato Espanhol vestindo a camisa do Barcelona. No time Catalão viveu o auge de sua carreira.

Mas foi no ano de 1994 com a camisa verde-amarela que Romário mostrou ao mundo quem era o jogador do momento.

Praticamente sozinho levou nossa seleção ao tetracampeonato depois de longos 24 anos de espera. Ao lado de Bebeto formou a dupla de ataque que fez nossos corações encherem de alegrias e nossos olhos desamarrem algumas lágrimas.

Ainda me pergunto como conseguiu fazer aquele gol contra os gigantes suecos. Como com seus 1,68 m pode voar sobre aquela defesa e cabecear para fundo do gol, em uma vitória marcante.

Mas o Baixinho tem da suas

No final da copa foi escolhido o melhor jogador e no final do ano o melhor jogador do mundo pela FIFA.

Esta foi a última Copa que Romário disputou. Teve até outras oportunidades, mas contusões e desavenças com técnicos (nenhuma novidade) o frearam.

Em 2000, aos 34 anos, mostrou que a idade ainda não era empecilho para jogar bola, e em um ano fantástico com 67 gols se tornou o maior goleador do Vasco em uma única temporada. O recorde anterior era de Roberto Dinamite (62)

Foi em 2000 também que protagonizou segundo ele uma das suas partidas mais marcantes. O jogo era válido pela final da Mercosul, e depois de está perdendo de 3 a 0 para o Palmeiras, em São Paulo, o Vasco comandado pelo Baixinho ( na ocasião marcou três e participou de outro) virou de forma espetacular para 4 a 3 sagrando assim vencedor do certame.

Não contente, perto dos 40 aos, foi artilheiro do Brasileiro no ano de 2002, vestindo a camisa do time que lhe revelou para o futebol. Foram 22 gols marcados pela camisa do time de São Januário.

Depois disso partiu para o fim de carreira, jogando em times poucos conhecidos mas com contratos bem interessantes economicamente, vestiu a camisa do Miami FC, Adelaide United, e ainda uma participação relâmpago pelo time do Tupi-MG, mas acabou não jogando por problemas contratuais.

De volta a sua casa, o Vasco da Gama, tinha ainda uma meta – marcar os mil gols.

Pela suas contas, faltava pouco. E foi sofrido. A imprensa esportiva acompanhou a maratona do atacante para marcar e igualar a o feito do rei do futebol, Pelé.

Quase foi duas vezes contra o Botafogo, que ficou estigmatizado como o clube que mais levou gols de Romário. Mas desta, o Glorioso se salvou.

Coube a “honra”, ao Sport do Recife.

O jogo foi no estádio São Januário, passava das 18 hs, e eis que cobrando pênalti o craque da camisa 11 colocava de vez seu nome na história do futebol mundial.

Depois da saga dos mil gols virou treinador por alguns jogos, comandando o Vasco, mas desentendimentos com Eurico Miranda e a comissão diretora do clube forçaram saída e o fim de uma era.

No crepúsculo de sua história no futebol, ainda enfreou seu mais duro adversário - um caso de dopping, e por pouco não teve sua vitoriosa carreira manchada.

O uso de uma substância proibida encontrada em um remédio para queda de cabelo foi encontrado na urina do jogador durante o exame antidoping em partida válida pelo Campeonato Brasileiro do ano passado contra o Palmeiras.

Em primeira instância foi julgado culpado e suspenso por 120 dias pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). A defesa recorreu e no segundo julgamento, em fevereiro, já deste ano, o STJD absolveu o jogador.

Uma questão é até interessante . Se Romário soube encerrar de maneira digna e em alta sua carreira? Fica a dúvida, mas o que não duvido é que o craque vai fazer muita falta.

Romário era certeza de bom futebol e lances maravilhosos, que o diga Amaral e a torcida do Corinthians.

O jogo válido pelo campeonato Brasileiro de 1999, e Romário ainda vestindo a camisa do Flamengo, protagonizou o lance da partida e quiçá do campeonato, quando deixou Amaral na saudade na linha de fundo, com um lindo drible elástico. Se duvidar até hoje Amaral procura o Baixinho. Golaço com a marca do craque. Um gol épico!

Quem não viu veja as imagens do lance do gol que na minha modesta opinião foi o mais bonito de Romário. E é que não sou flamenguista.

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