segunda-feira, 26 de maio de 2008

Merci Guga! Merci!

25 de maio. Dia em que uma lenda do esporte brasileiro parou. Deu adeus às quadras de tênis, deu adeus à quadra Phillippe Chatrier que o consagrou por três vezes (1997, 2000 e 2001).

Gustavo Kuerten, ou simplesmente Guga, deu sua última prova de superação ontem em jogo válido pela 1ª rodada do Grand Slam da França, Roland Garros, contra Paul-Henri Mauthieu. O resultado foi vitória do francês por 3 sets a 0 (6-3, 6-4 e 6-2), mas pouco importa o resultado, pouco importa a derrota, porque nesse domingo fomos agraciados durante pouco mais de uma hora e meia, com alguns lances de um gênio das quadras, de um gênio no saibro, que tantas vezes nos emocionou aos domingos com seus golpes vencedores.

Guga foi valente, venceu nomes consagrados, mas não venceu um adversário – a dor. Ah infames e malditas lesões que brecam carreiras, que paralisam atos, que nos faz perceber o quão difícil é para um atleta se manter em alto nível por muitos anos – coisas para poucos agraciados.

Kuerten reinou o quanto pôde, conquistou títulos, fãs ao redor do mundo, o primeiro lugar no ranking mundial. Soube vencer os invencíveis norte-americanos Sampras e Agassi, esses em seqüências na Masters Cup de 2000- aqui uma das demonstrações mais claras de seu alto nível técnico, principalmente pela vitória ter sido em quadras sintéticas, o que não era sua especialidade. Seu último feito com certeza foi a épica vitória sobre o suíço Roger Federer, na mesma Phillipe Chatrier, pela 3ª rodada de Roland Garros de 2004 por um triplo 6-4. Esse era Guga.
Mas toda trajetória tem o seu crepúsculo, o de Kuerten foi após sua segunda cirurgia, no final de 2004. Sem mostrar sinais de melhoras de sua lesão crônica nos quadris, o brasileiro cogitava ali seriamente sua aposentadoria. Kuerten insisitu, lutou, como um verdadeiro campeão não poderia se contentar em ser apenas um mero coadjuvante.

Desde Senna, naquele fatídico 1º de maio, que queríamos encontrar um novo ídolo, Guga por 11 anos preencheu com satisfação essa lacuna. Pena que Governo e Confederação de Tênis não souberam aproveitar o efeito Guga e montar uma nova geração de atletas. Não souberam dá incentivo às escolas, clubes e escolinhas de tênis. Não souberam angariar parcerias e fundos para construção de um centro competente para formação para novos tenistas. O resultado é o mesmo de 13 anos atrás - atualmente não temos nenhuma tenista de nível no cenário mundial.

Mas vamos pensar, repensar e elaborar propostas para formação de novos tenistas profissionais, para que a modalidade não fique com mais uma pausa de mais de 40 anos como foi desde do fim da era Maria Ester Bueno até o surgimento de Gustavo Kuerten. Vamos fazer do momento em que o “rei do saibro” recebeu um troféu homenagem da organização do torneio uma nova era para o tenis brasileiro. Mais uma vez peço, não deixemos mais uma era ser perdida por conta da incompetência.

Vamos nos relembrar com saudades de um sonho, de uma era, de uma vida heróica e de títulos! Mas vamos também dar lugar agora a figura de um MITO. Gustavo Kuerten!

Ah Guga que nos fez parar em 1997 em final arrasadora contra Sergi Bruguera! Ah Guga que nos proporcionou em 2000 seu bicampeonato contra Magnus Norman! Ah Guga em 2002 fez da quadra francesa um coração como comemoração pelo tri, a vítima o espanhol Alberto Costa.

Merci Guga! Merci!

Nenhum comentário: